terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Tapas (I)

Gosto de restaurantes de tapas. Como por definição as quantidades são mais pequenas que o habitual, pode-se experimentar uma grande diversidade de coisas e já não ficamos com aquela sensação de frustração porque “apetece-me experimentar tudo e só dá para pedir 1 entrada, 1 prato e 1 sobremesa.”.
Mas quando se vai a um restaurante que se promove como um restaurante de tapas, que apresenta uma lista muito interessante e em que depois de termos feito as nossas escolhas, nos dizem que parte das tapas ou petiscos que escolhemos só se fazem ao jantar, então a sensação de frustração é muito, mas muito maior!!!
Foi o que nos aconteceu um destes sábados ao almoço no BCN (Beber & Comer by Nova Mesa). Trouxeram-nos a lista, fizemos a nossa escolha nas várias secções disponíveis (tapas frias, tapas quentes, petiscos) e quando apresentámos o pedido, informaram-nos que ao almoço não serviam tapas e que iam ver se a cozinha fazia. Afinal a cozinha não fazia uma das que tínhamos pedido, a outra, ia fazer, mas pelos vistos quase por favor (!). O empregado sugeriu que escolhêssemos outra coisa mas, para cúmulo, nem ele sabia quais as tapas que a cozinha fazia ou não fazia ao almoço! Ainda seleccionámos outra tapa para substituir, mas afinal, a cozinha também não fazia essa (soubemos nós, depois de mais uma ida do empregado à cozinha para perguntar) e acabámos por desistir de pedir mais alguma coisa.
Felizmente o que comemos estava bem confeccionado e não há mais nada a dizer. Não tenciono lá voltar. Apenas me pergunto:
  • Porque não ter duas listas, uma para o almoço e outra para o jantar?
  • E não tendo 2 listas, porque não informar os clientes, logo que trazem a lista, que há tapas que não fazem ao almoço? Porque isto não se passou só connosco, mas com todos os clientes do restaurante – só depois de escolherem é que foram informados que ao almoço há tapas que não se fazem!
  • E porque não, dar informação a quem  atende as mesas sobre quais as tapas que não servem ao almoço?
E finalmente, porque não mudarem o conceito? Porque isto, para um restaurante que se promove como um restaurante de tapas, é triste. É triste porque defrauda os clientes e é triste porque anula o trabalho de qualidade que é feito na cozinha!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Queijos

No conhecido site "Lo Mejor de la Gastronomia", na secção de "Productos", ´constam três queijos portugueses:

- Serra da Estrela da Casa Matias (nota 8,5)

- Azeitão da Ambiqueijo (nota 8,5)

- Ovelha de Conceição Marques (nota 9)


Em relação à Casa Matias, o seu Serra da Estrela existe em três qualidades: DOP Premium, DOP Selecção e DOP. Foi este último que provei, e é de facto muito bom. Numa área onde há tanta aldrabice e falta de quaçidade, este é um valor seguro e pode-se encontrar em supermercados.

A Casa Matias tem também um Ovelha Amanteigado sem a designação de Serra da Estrela, existente nas mesmas três categorias acima mencionadas. Nunca provei.

Há também dois Ovelha Curado, um de 2 meses e um de 4 meses; já provei um dos dois, não me lembro qual, e era também bastante bom.

Quanto aos Azeitão da Ambiqueijo, são de facto excelentes. Não sei se são os melhores Azeitão de Portugal, mas do que já comi são sem dúvida dos melhores. Há dois rótulos, o que vem no site espanhol e um outro vermelho com letras douradas. sinceramente, não notei diferença, não sei se era suposto que a houvesse ou se é só marketing. Mas também nunca comparei os dois directamente.

Já em relaçã aos Conceição Marques, nunca os vi. Pelos vistos é uma produção muito pequena e de distribuição restrita.Se alguém souber onde os encontrar, diga-me.

http://www.lomejordelagastronomia.com/productos/queso-de-oveja-casa-matias

http://www.lomejordelagastronomia.com/productos/queso-de-azeitao-arbiqueijo

http://www.lomejordelagastronomia.com/productos/queso-de-oveja-conceicao-marques

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Para os cépticos quanto aos brancos portugueses ...

Para quem, como eu, não aprecia os brancos portugueses, o International Trophy de 2012 da Decanter, na categoria White Single Varietal over £10 foi para ....

.... Deu la Deu, Alvarinho, Monção e Melgaço, 2010  !!!!


O facto não é só digno de nota para mim, mas também para a Decanter. Diz Sarah Ahmed, um dos juízes do painel que avalia os vinhos de Portugal, que é a 1ª vez na história dos prémios da Decanter (que se iniciaram em 2004 - http://www.wine-searcher.com/awards-3-decanter+world+wine+awards ) que um vinho branco Português recebe uma medalha superior à de prata!!

Pode ser que as coisas estejam a mudar ... Aliás devem estar mesmo, pois diz também Sarah Ahmed:

"If there is a wine which symbolises the new, improved Portugal, is our International Trophy-winning Alvarinho (...)"

New, improved Portugal - é bom saber!!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A consistência do Arola

Uma das coisas que muito aprecio num restaurante é a sua consistência em termos de qualidade.
E em relação a isso o Arola na Penha Longa merece nota máxima!
Ao fim de cerca de 3 anos voltámos lá e posso dizer que a qualidade da comida se mantém e o serviço, acho que até melhorou!
Relativamente à comida escolhemos  o menu Arola Classic.

http://www.penhalonga.com/dining_menu_arola_noite_e.html

Tudo muito bem confeccionado, produtos de elevada qualidade mas, para mim, as estrelas foram o amuse bouche - um canelloni de ostra sobre rectângulo de salmão, simplesmente fantástico -  e a fideuà de bacalhau.
Esta fideuà,  feita à maneira catalã, tem como massa a aletria que vem envolvida num molho de amêndoa e pimentos vermelhos, muito aveludado e … muito saboroso! Sobre a massa, uma posta de bacalhau semi-curado salteado, no ponto em termos de sal e com uma textura excelente. Belíssimo!
Relativamente ao serviço, melhorou, e é justo referi-lo, pois foi uma refeição com alguns desafios neste capítulo:
1)    Éramos 2 casais e foram as mulheres que escolheram o vinho. Ao contrário do que muitas vezes acontece, quem nos serviu não titubeou ao apresentar-nos a carta e não se enganou quando trouxe o vinho para provar. Nota máxima aqui. Para além disso a 2ª garrafa de branco foi dada a provar em novo copo.
Fica aqui a selecção (realizada pela outra mulher presente) que foi muito bem conseguida:
·         Quinta do Valdoeiro Chardonnay 2010 que acompanhou tudo excepto a carne.
·         Quinta dos Roques Touriga Nacional 2008, para a carne.

2)      Quando tudo corria sem reparos, eis que chega o Entrecote de vitela, uma tira de carne suculenta, no ponto, ou seja mal passado como pedido, mas isto apenas em 3 dos pratos! Num deles o entrecôte era uma tira de gordura com muito pouca carne. Feito o reparo, a situação foi resolvida de forma expedita e veio outro prato - agora não com uma tira de carne, mas com um naco, que fez inveja aos restantes comensais!!
Confirmando o serviço simpático e com qualidade, no final foi-nos oferecido um copo de Quinta da Romeira Colheita Tardia, que nenhum de nós conhecia e que achámos bastante interessante!
Uma refeição a recordar! E a juntar às anteriores, como referência para futuras!!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

The Ledbury em Londres e a Casa do Bacalhau em Lisboa - o que têm em comum?

O que é que o The Ledbury em Londres e a Casa do Bacalhau em Lisboa têm em comum?
Não são as 2 estrelas Michelin que o The Ledbury tem, muito embora na Casa do Bacalhau, os pastéis de bacalhau, as pataniscas, a canja de bacalhau,  o bacalhau à Margarida da Praça e a empada de bacalhau, estivessem quase irrepreensíveis, quer em termos de confecção quer de matéria-prima (uma espinha numa patanisca e outra na canja, obrigam ao “quase”).
É, isso sim, a presença do Preto Branco na carta de vinhos!
É um vinho de que muito gostamos e que surpreendentemente bebi pela 1ª vez em Londres em 2011 (Preto Branco Reserva 2008), quando o escanção do The Ledbury mo propôs, para acompanhar o duo de borrego do menu de degustação. A minha expressão de surpresa foi tal que o escanção pensou que eu não gostava do vinho e apressou-se a dizer que propunha outro! Tive que explicar que o esgar era de espanto por ele estar a apresentar um vinho português, vinho esse que nem sequer conhecíamos. E foi este escanção que nos explicou que o nome se devia ao facto do vinho ser feito com uvas pretas (Touriga Nacional e Baga) e uvas brancas (Bical).
Em Portugal tem sido difícil encontrar o vinho e só há uns meses é que o conseguimos comprar num hipermercado. Infelizmente já nem aí se encontra.
Foi por isso com satisfação que vimos o Preto Branco na carta de vinhos da Casa do Bacalhau e escolhemos o 2004 que ainda não conhecíamos, muito embora tivessem também o 2008.
Relativamente aos vinhos podemos dizer que o Preto Branco Reserva 2008 é um vinho estruturado, com boa intensidade de taninos, uma boca encorpada e com uma robustez que acompanhou de forma adequada o duo de borrego.
O Preto Branco 2004 apresenta no geral as mesmas características, talvez com os taninos menos acentuados, e “casou” perfeitamente com todas preparações de bacalhau da refeição.
Preto Branco – Quinta do Encontro - Bairrada - Dão Sul
·         2004
·         Reserva 2008
The Ledbury (continua a ter o Preto Branco na carta de vinhos, bem como outros vinhos portugueses)
Casa do Bacalhau (carta de vinhos interessante)

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Choco frito

Gosto muito de choco frito, mas deslocar-me a Setúbal é algo que não faz parte da minha rotina diária.

Foi pois com alegria que, numa das nossas deambulações por Lisboa, e dentro do nosso habitual espírito gastronomicamente aventureiro, descobrimos ali ao pé do Rato, ou seja, muito perto de casa, aquele que será provavelmente o melhor choco frito de Lisboa, ou pelo menos um dos melhores.

Choco de qualidade, polme perfeito, muito boas batatas fritas a acompanhar, e um preço inbatível (uma dose para dois custa 13 euros).

Como entradas há (nem sempre) rissóis e chamussas muito boas.

A escolha de vinhos é fraca, eu tenho-me ficado pela imperial.

Quanto ao resto da oferta do restaurante, está por experimentar - comemos sempre o choco frito, com uma única excepção em que complementámos com um naco na pedra, que veio com carne de qualidade aceitável, sem mais.

O nome do restaurante é Sabores do Rato e fica mesmo à entrada da Rua do Sol ao Rato, no sentido ascendente. Acho que têm página no Facebook.

(um dos empregado, por sinal bastante simpático, é adepto do fcp, mas mesmo isso não constitui problema)

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Há sempre uma primeira vez...

... e ontem pela primeira vez comi lagosta numa das suas receitas mais célebres e canónicas - Lagosta Thermidor.

Foi no Monte Mar, e devo dizer que era excelente a lagosta e boa a execução da receita - uma ligeira falha no gratinado, que tinha uma pequena parte com um ligeiro toque de queimado, nada que estragasse o prato, mas não deixa de ser uma falha.

Antes comeram-se umas boas amêijoas "à espanhola" - amêijoas boas, embora não excelentes, mas o molho estava óptimo.

Após a lagosta experimentámos uma posta mirandesa, muito boa, mal passada como pedido, carne suculenta, uma outra pequena falha - havia uma parte mais alta da carne que estava fria por dentro. Muito bom o molho e as batatas fritas.

Finalmente, trouxas de ovos, boas, e uma musse de avelã que estava boa mas não era uma musse, e sim um semi-frio com avelã no meio e chocolate à volta.

Serviço correcto embora com algum excessivo à-vontade, o que talvez se explique pela enorma percentagem de clientes habituais que estavam na sala.

No cômputo geral, um almoço muito bom, a preço justo -- tornado mais suave pela pré-adquirida senha de desconto da Time Out.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Colares 1955 - Caves Visconde Salreu





Surpresa 1: Ao retirar a cápsula, não havia rolha! Estava dentro da garrafa. Temeu-se o pior ...














Surpresa 2: Atendendo à idade e à rolha fora do sítio, sabe-se lá desde quando, não esperávamos o que encontrámos: um vinho bastante interessante - na aparência com uma cor acastanhada, nariz ligeiramente iodado com notas de caixa de charutos; boca, cheia, final com alguma persistência e ainda com alguma acidez!


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Jacó

Este é um bom restaurante num sítio improvável, Linda a Velha.

A comida é maioritariamente portuguesa, com alguns toques africanos e italianos, por via dos donos. Tem uma lista fixa e um conjunto de pratos do dia que vão variando, pelo que vale a pena consultar semanalmante o site. É nestes pratos do dia que se encontram algumas propostas menos vulgares de cozinha portuguesa, como as codornizes com castanhas, o javali estufado ou as iscas com molho de morcela.

A garrafeira aposta em vinhos de gama média e baixa, mas tem escolha suficiente para quem não seja demasiado exigente. A frasqueira pelo contrário é excelente, sobretudo na secção de whisky, a grande paixão do dono.

Vejam o link aqui: www.restaurantejaco.com

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Grenache Tardif - Domaine Ribiera - Languedoc


Foi-nos servido no Astrance em Paris.

Quase jurámos ao sommellier que era um LBV!!

Ele não achou disparatado ...

 
Mais informação:


http://www.vinpur.com/view.php?node=280



Quinta do Poial

Domingo 30 Setembro - visita e almoço na Quinta do Poial























Só fazem agricultura biológica, como se pode ver na entrada, e costumam estar no mercado biológico do Princípe Real.

Tem uma diversidade de pimentos que eu nunca imaginei que houvesse, de todas as cores, tamanhos e feitios.






















 Aqui uns pimentos que ficam cor de beringela (!)












E uma linda flor de courgette ... que, como calculas, também é comestivel.





E se houve surpresas com a variedade imensa de pimentos que são de diversas regiões do mundo, que tal este feijão ? ...



... E vai ficar maior!


Neste Domingo organizaram um almoço cujo mote era o "encontro entre o México e o Japão" e onde estiveram presentes 2 raparigas da embaixada do México e o nosso conhecido chefe TOMO SAN do restaurante japonês de Miraflores, Tomo, que é amigo da dona da Quinta, a Maria José. (Foi o Miguel Pires que nos avisou deste almoço, e claro, também lá estava).

Usaram produtos da quinta, para além de peixe belíssimo preparado de diversas formas (shashimi, frito com um polme fantástico) pelo chefe Tomo.

Por 30 euros valeu muito, muito a pena: visita guiada pela quinta, almoço e no final ...



 ... um cestinho com mimos do poial


Grande diversidade de pimentos e tomates pequeninos (um em forma de cabaça amarela) beringelas (na foto), e ervas diversas, que já cozinhámos de diversas formas - massa penne com legumes salteados (estava óptima), bochecha de vitela estufada com legumes (excelente) e ainda falta cozinhar o que está na foto!

O mais impressionante destes legumes, para além do sabor, são os aromas que têm mesmo depois de cozinhados. E a cor, claro! A massa com os legumes ficou linda, cheia de cores e aromas fabulosos!!

Valeu a pena!!

A estação agronómica de Oeiras e o vinho de Carcavelos

No Sábado dia 29 de Setembro, fomos visitar a Estação Agronómica de Oeiras. 142 ha no meio dos prédios e com vista de mar! Fantástico e inesperado!
É uma equipa nova que está a trabalhar o Vinho de Carcavelos para ver se ele não morre ... É um projecto conjunto do Estado e da Câmara de Oeiras. Vamos a ver se resiste à crise!

A pressão urbanística (como fica bem dizer) deu cabo de uma série de quintas de vinho de Carcavelos que existiam ali, mas isto conseguiu sobreviver e já estão a lançar alguns vinhos num mercado muito restrito, mas têm como objectivo começar agora a lançar de forma mais sistemática. De qualquer modo a produção é pequena - 5000 garrafas de 3 em 3 anos. Mas como o vinho é interessante (algo na linha do Madeira ou do Porto Tawny) acho que vale a pena.

E depois manter um espaço destes no meio de uma zona que todos associamos a prédios, prédios e mais prédios, é muito interessante.


Alguém diz que esta foto é tirada no meio de Oeiras?!!