terça-feira, 15 de abril de 2014

Recordações do Peixe em Lisboa 2014

As nossas escolhas (Domingo 6 de Abril)

"Eclair" de sapateira com gel de mariscos e ervas - Bica do Sapato
Choco frito com maionese de wasabi - Bica do Sapato 

o


Os nossos peixes fumados com puré de limão e azeite de alcaparras - Bica do Sapato 


Leite creme de tomilho limão - Bica do Sapato

Ceviche de robalo com leite de tigre - Arola 















Bravas de Bacalhau de cura portuguesa e fígados fumados - Arola

Mexilhões "and chips" d'espelette e pimenton de la vera - Arola

Ensaio de bacalhau à Brás - Avenue

Francesinha com bife de atum e sapateira - Avenue

Gaspacho de cereja e tosta com cavala fumada e creme de requeijão - José Avillez 

Fotos: Luísa Corbal

sábado, 5 de abril de 2014

ORIGENS pelo chef Yoji Tokuyoshi

Não é fácil traduzir em palavras uma experiência tão intensa e especial como a que ontem nos foi proporcionada pelo Amuse Bouche no Kiss the Cook - Origens pela mão do chef Yoji Tokuyoshi.
Deveria por isso cingir-me a um ponto alto, mas não dá, porque foram vários. Por isso assinalo aquilo que para mim foi memorável em cada um dos pratos.


  • Polipo – Quadrado do capelo com uma ventosa por cima, sobre caldo do mesmo. O polvo, apenas branqueado, logo muito rijo, permite-nos, tal como nos foi explicado e depois experienciado, sentir o sabor do polvo de forma muito mais intensa do que é habitual. Talvez porque é preciso mastigar, mastigar, mastigar. Muito bom.
  • La tintura – Choco com tinta sobre ervas frescas (entre elas manjericão e hortelã) e ervilhas na casca. A textura do choco surpreendentemente sedosa. Surpreendente também a ligação da tinta com as ervas frescas. Muito saboroso e fresco.
  • Risotto Umani – criado a partir de uma sopa japonesa é um falso risotto, uma vez que não tem arroz, apenas legumes – pastinaca, aipo. Estes, cortados no tamanho de bagos de arroz, são apresentados após escorridos do caldo e o tamanho dos legumes confere uma textura muito interessante a este prato.
  • Bianco e Bianco – Assisti ao empratamento: uma colher de puré de batata, por cima lascas de bacalhau cozinhadas e lascas de parmesão, mais uma colher de puré de batata em cima do bacalhau, tudo finalmente regado com polenta de milho branco.Um prato de uma simplicidade desarmante que nos dá sabores e sabores, grande cremosidade, e vontade de comer sem parar...
  • Cantucci, Formaggio e Albana Passito – o cantucci é um biscoito rijo (de que eu gosto imenso) que se pode comer molhado em vinho doce; neste caso o vinho doce foi apresentado na forma de gelado e o cantucci, vem em bocados e menos densos do que é habitual; junta-se a isto um molho de queijo cremoso e tem-se um toque ácido que faz desta combinação uma sobremesa perfeita e de grande originalidade.
Ao terminar reconheço que afinal talvez pudesse ter traduzido esta experiência em poucas palavras: Simplicidade, elegância e originalidade, a revelarem texturas que proporcionam sabores intensos mas delicados.

Tudo isto num ambiente informal muito agradável e com excelente companhia à mesa!

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O fricassé, a canela e o pato.

E se repente lhe apresentassem um prato da cozinha tradicional portuguesa que nenhum renomado chefe renegaria? Pela elegância, pela ousadia e pelo equilíbrio de sabores! Ficaria, provavelmente, agradavelmente surpreendida/o.

Pois foi como ficámos, para além de deleitados, com o Fricassé de Pato com Canela, acompanhado por batata-doce roxa de Aljezur, no almoço de hoje da turma Culinary Arts 25, Chef Nuno Diniz, da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Mas detalhemos:
A Elegância – porque sempre achei o fricassé um molho elegantíssimo, de uma delicadeza extrema (serão as gemas?) e este assim se apresentou.
A Ousadia – para mim colocar canela neste prato é realmente uma ousadia; adoro canela nos doces, no café, mas na comida não aprecio, pois normalmente “toma conta” do prato abafando os restantes sabores. Neste caso, tal não aconteceu.
O Equilíbrio – Conseguido! Porque o toque adocicado da canela equilibra de forma eficaz, mas sem protagonismos, a acidez do limão do molho de fricassé.
O molho foi pois a estrela deste prato, mas é indispensável deixar algumas palavras sobre:
A batata-doce (única alteração à receita original; nesta é arroz que acompanha) – excelente, com uma cor vibrante, acompanhou de forma adequada, contribuindo para apaziguar ainda mais o toque ácido do molho que alguns poderão não apreciar tanto quanto eu.
O pato – embora o molho tenha concentrado todas as minhas atenções é a figura central deste prato; estava cozinhado de forma correcta e muito saboroso.
Enfim, uma receita tradicional de Trás-os-Montes (conforme apresentada por Maria de Lurdes Modesto num dos seus livros) respeitada, melhorada e valorizada por quem sabe, e que poderia estar, sem vergonha nem modéstia, na lista de muitos reputados restaurantes nacionais e internacionais.

Belíssimo!