quarta-feira, 2 de abril de 2014

O fricassé, a canela e o pato.

E se repente lhe apresentassem um prato da cozinha tradicional portuguesa que nenhum renomado chefe renegaria? Pela elegância, pela ousadia e pelo equilíbrio de sabores! Ficaria, provavelmente, agradavelmente surpreendida/o.

Pois foi como ficámos, para além de deleitados, com o Fricassé de Pato com Canela, acompanhado por batata-doce roxa de Aljezur, no almoço de hoje da turma Culinary Arts 25, Chef Nuno Diniz, da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Mas detalhemos:
A Elegância – porque sempre achei o fricassé um molho elegantíssimo, de uma delicadeza extrema (serão as gemas?) e este assim se apresentou.
A Ousadia – para mim colocar canela neste prato é realmente uma ousadia; adoro canela nos doces, no café, mas na comida não aprecio, pois normalmente “toma conta” do prato abafando os restantes sabores. Neste caso, tal não aconteceu.
O Equilíbrio – Conseguido! Porque o toque adocicado da canela equilibra de forma eficaz, mas sem protagonismos, a acidez do limão do molho de fricassé.
O molho foi pois a estrela deste prato, mas é indispensável deixar algumas palavras sobre:
A batata-doce (única alteração à receita original; nesta é arroz que acompanha) – excelente, com uma cor vibrante, acompanhou de forma adequada, contribuindo para apaziguar ainda mais o toque ácido do molho que alguns poderão não apreciar tanto quanto eu.
O pato – embora o molho tenha concentrado todas as minhas atenções é a figura central deste prato; estava cozinhado de forma correcta e muito saboroso.
Enfim, uma receita tradicional de Trás-os-Montes (conforme apresentada por Maria de Lurdes Modesto num dos seus livros) respeitada, melhorada e valorizada por quem sabe, e que poderia estar, sem vergonha nem modéstia, na lista de muitos reputados restaurantes nacionais e internacionais.

Belíssimo!

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