DIA 1 – 6ª FEIRA 4
DE JULHO
O habitual ligeiro atraso do avião ia-nos custando a
possibilidade almoçar.
Feito o check-in no Ibis Las Ventas, fomos directamente para
o El Fogón del Triffón, uma das “20 melhores barras de Madrid” segundo Carlos
Maribona. Chegados lá, perto das cinco
horas, fomos simpaticamente informados pelo jovem que estava atrás do balcão de
que a cozinha estava fechada.
Já nos vínhamos embora quando um senhor que estava a comer
sentado a uma mesa, e que pressupomos ser o dono do restaurante, lhe diz “olha
mas prepara-lhes aí uma salada e umas coisas”. E virando-se para nós “o que vos
parece a ideia de uma salada fresca, com atum, tomate e outras coisas”, e nós
“parece
-nos pois muito bem”, tudo isto naturalmente no nosso melhor espanhol
possível.
Pois acabámos por comer uma magnífica salada com
ingredientes de elevada qualidade, quer a ventresca quer o tomate, e ainda
surpreendentemente um prato cozinhado, uns “callos ala madrilena” excelentes.
Tal foi a simpatia que imediatamente marcámos mesa para
jantar no dia seguinte, mas isso já é outra história.
No que restava da tarde dirigimo-nos ao Círculo de Bellas
Artes de Madrid para vermos as exposições que lá estavam, neste local onde se
encontram normalmente exposições de grande qualidade embora talvez menos
mediáticas que as dos museus mais famosos.
Fotografia 2.0 no Circulo de Bellas Artes |
Desta vez vimos:
Fotografia 2.0
Exposição colectiva de artistas ligados à pós-fotografia,
com uso de imagens retiradas da net, de vídeos, etc. Não conhecia este
movimento, estou completamente “fora de pé” aqui, mas achei muito interessante.
Josep Renau
- The american way of
life. Série de trabalhos de fotomontagem de crítica ao capitalismo,
militarismo e guerra fria feitos entre 49 e 76, onde foi apresentado no pavilhão
espanhol da Bienal de Veneza. Renau era espanhol, militante de Esquerda,
Director Geral de Belas Artes em 36 e nessa qualidade convidou Picasso a fazer
o célebre Guernica. Fugido ao franquismo, viveu no México, onde fez entre
outras coisas mais de 200 posters de cinema, e acabou a sua vida na RDA. Não o
conhecia, e gostei muito do que vi.
La Palangana – colectivo de fotógrafos espanhol surgido em 59
na Real Sociedad Fotográfica Madrileña, percursores do que se pode chamar o
“neorrealismo espanhol” e que constituíram a chamada Escola de Madrid. A
exposição integra fotografia feita em vários locais de Espanha nos anos 50 e
60. Das três, era a exposição mais imediata e acessível.
À noite fomos a outro restaurante constante da lista de
Maribona de “20 melhores barras”, o Docamar, que de facto é uma cervejaria com
barra propriamente dita, completamente cheia de gente, e sala com dois andares
, que foi onde ficámos.
O ex-libris do Docamar são as “patatas bravas”, supostamente
as melhores de Madrid, e que eram de facto excelentes. Tudo o resto muito bom –
gaspacho, anchovas, mexilhões, que me lembre. Uma visita que valeu a pena, até
porque o preço é bastante razoável.
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