E se repente lhe apresentassem um prato da cozinha
tradicional portuguesa que nenhum renomado chefe renegaria? Pela elegância,
pela ousadia e pelo equilíbrio de sabores! Ficaria, provavelmente, agradavelmente
surpreendida/o.
Pois foi como ficámos, para além de deleitados, com o Fricassé de Pato com Canela, acompanhado por batata-doce roxa de Aljezur, no almoço de
hoje da turma Culinary Arts 25, Chef Nuno Diniz, da Escola de Hotelaria e
Turismo de Lisboa. Mas detalhemos:
A Elegância – porque sempre achei o fricassé um molho elegantíssimo,
de uma delicadeza extrema (serão as gemas?) e este assim se apresentou.
A Ousadia – para mim colocar canela neste prato é realmente uma
ousadia; adoro canela nos doces, no café, mas na comida não aprecio, pois
normalmente “toma conta” do prato abafando os restantes sabores. Neste caso,
tal não aconteceu.
O Equilíbrio – Conseguido! Porque o toque adocicado da
canela equilibra de forma eficaz, mas sem protagonismos, a acidez do limão do
molho de fricassé.
O molho foi pois a estrela deste prato, mas é indispensável
deixar algumas palavras sobre:
A batata-doce (única alteração à receita original; nesta é arroz que acompanha) – excelente, com uma cor vibrante, acompanhou
de forma adequada, contribuindo para apaziguar ainda mais o toque ácido do
molho que alguns poderão não apreciar tanto quanto eu.
O pato – embora o molho tenha concentrado todas as minhas
atenções é a figura central deste prato; estava cozinhado de forma correcta e muito
saboroso.
Enfim, uma receita tradicional de Trás-os-Montes (conforme apresentada
por Maria de Lurdes Modesto num dos seus livros) respeitada, melhorada e
valorizada por quem sabe, e que poderia estar, sem vergonha nem modéstia, na
lista de muitos reputados restaurantes nacionais e internacionais.
Belíssimo!
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