terça-feira, 19 de agosto de 2014

Diário de férias (gastronómico, mas não só) - MADRID dia III

DIA 3 – DOMINGO 7 DE JULHO

O almoço foi no Lakasa, restaurante do chef César Martin que já conhecíamos do ano passado, e sobre o qual fizemos já um post nessa altura, e onde quisemos voltar.

É um espaço bonito e informal, César Martin tem por hábito vir às mesas conversar um pouco, e acima de tudo come-se muito bem. Aliás, está na lista de Maribona já não das barras mas das “20 melhores mesas de Madrid”. Apostámos em quatro meias doses para partilhar, com destaque para o tártaro de lagostim e o magnífico Bife Wellington, que era prato especial do dia, para sorte nossa. Bebemos um bom vinho branco das Rias Baixas a copo, o Ocho Patas, 100% Albariño.


À tarde visitámos o Matadero de Madrid, antigo matadouro junto ao rio agora transformado num centro de artes e actividades alternativas, um pouco como a nossa LX Factory, mas bastante maior.









À noite, arriscámos tentar uma das mesas mais “de moda” em Madrid, o La Maruca, versão madrliena de uma casa originária de Santander. Como éramos só dois conseguimos rapidamente mesa. Espaço bonito, gente bem vestida, completamente cheio, ao balcão, nas mesas interiores e na esplanada. Mas, segundo nos disse o chefe de sala quando por nós  indagado sobre se “era sempre assim”, até era uma noite relativamente calma.


O ambiente é trendy, mas a cozinha é bastante tradicional. As entradas foram gaspacho e ”patatas bravas”, muito diferentes ambas das similares do Docamar que tínhamos comido dois dias antes, mas igualmente excelentes. Os pratos principais foram uma sumptuosa e reconfortante “Tajada de Merluza”, e uns muito saborosos “Tacos de Bonito”, com o atum de extraordinária qualidade. "Leche Frita com Licor" e "Flan de Queso" foram as sobremesas, ambas muito boas. Bebemos novamente um Albariño das Rias Baixas, que no verão apetece sempre e tem uma vasta escolha de grande qualidade. Desta vez foi o Torre de la Moreira.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Diário de férias (gastronómico, mas não só) - MADRID dia II

DIA 2 – SÁBADO 5 DE JULHO
Levantámo-nos cedo e dirigimo-nos ao Prado para vermos a excelente exposição “El Greco y la Pintura Moderna”, que como o nome indica punha em paralelo a obra do pintor espanhol com obras de vários pintores do Séc. XX – Picasso, Braque, …. Uma grande exposição, da qual aguardo que me chegue o catálogo, que não tive coragem de comprar lá dado o volume e peso do mesmo.

Aproveitámos ainda para ver uma boa parte da colecção permanente do Museu – Goya, nomeadamente as “pinturas negras”, Vélazquez, Tiziano, Tintoretto, Rubens, etc, etc, etc, terminando com a inevitável visita à livraria para algumas aquisições para a já volumosa biblioteca lá de casa.

Ao almoço, fomos a um restaurante recomendado, este no site Fuera de Série, o “El Triciclo”
Um espaço pequeno, muito na moda, com um balcão e algumas mesas. Ficámos ao balcão, o que significa que passado alguns minutos tínhamos gente literalmente a toda a volta , ao lado, atrás de nós, por vezes por cima de nós. Se fosse em Lisboa, refilava – mas aqui achei normal, é Madrid, é mesmo assim, não me incomodou. Somos sempre mais críticos com o que é nosso, infelizmente.























A comida ao almoço na barra anda em torno dos petiscos, uns mais clássicos outros mais imaginativos. Pode-se  pedir pratos, mas a aposta vai em geral para as doses ½ prato e até 1/3 prato. Comemos pochas, um tipo de feijão, com callos de bacalao, o steak tartar, o tiradito de atun rojo, a semimojama de bonito com tartar de tomates, o bacalao asado, e boas sobremesas – frutas de verão e piña colada. Muito bom!


À tarde fomos ao Reina Sofia propositadamente para ver a exposição integral de Richard Hamilton, um dos nomes maiores da pop art. Fantástica exposição, com tudo o que o homem fez e ainda alguns filmes e vídeos sobre a sua obra.


À noite, como já tinha referido no post anterior, jantámos no El Fogón del Trifón, já não na minúscula barra, mas na sala, pequena, mas não tanto como a barra, e que lhe fica contígua.
É cozinha tradicional com alto nível de produto e execução. Santi Santamaria era frequentador assíduo do restaurante, o que diz muito.
Comemos caracóis e espargos de entrada, e rabo de touro e mollejas  de lechal (molejas de cordeiro de leite) como pratos principais. Não me lembro da sobremesa.

Bebemos o tinto Les Terrasses de Álvaro Palácios 2010, sendo que Palácios é considerado pelo próprio restaurante  “um bom amigo da casa”.



domingo, 17 de agosto de 2014

Diário de férias (gastronómico, mas não só) - MADRID dia I

DIA 1 – 6ª FEIRA 4 DE  JULHO

O habitual ligeiro atraso do avião ia-nos custando a possibilidade almoçar.

Feito o check-in no Ibis Las Ventas, fomos directamente para o El Fogón del Triffón, uma das “20 melhores barras de Madrid” segundo Carlos Maribona.  Chegados lá, perto das cinco horas, fomos simpaticamente informados pelo jovem que estava atrás do balcão de que a cozinha estava fechada.
Já nos vínhamos embora quando um senhor que estava a comer sentado a uma mesa, e que pressupomos ser o dono do restaurante, lhe diz “olha mas prepara-lhes aí uma salada e umas coisas”. E virando-se para nós “o que vos parece a ideia de uma salada fresca, com atum, tomate e outras coisas”, e nós “parece
-nos pois muito bem”, tudo isto naturalmente no nosso melhor espanhol possível.
Pois acabámos por comer uma magnífica salada com ingredientes de elevada qualidade, quer a ventresca quer o tomate, e ainda surpreendentemente um prato cozinhado, uns “callos ala madrilena” excelentes.
Tal foi a simpatia que imediatamente marcámos mesa para jantar no dia seguinte, mas isso já é outra história.

No que restava da tarde dirigimo-nos ao Círculo de Bellas Artes de Madrid para vermos as exposições que lá estavam, neste local onde se encontram normalmente exposições de grande qualidade embora talvez menos mediáticas que as dos museus mais famosos.
Fotografia 2.0 no Circulo de Bellas Artes 
Desta vez vimos:

Fotografia 2.0
Exposição colectiva de artistas ligados à pós-fotografia, com uso de imagens retiradas da net, de vídeos, etc. Não conhecia este movimento, estou completamente “fora de pé” aqui, mas achei muito interessante.

Josep Renau  - The american way of life. Série de trabalhos de fotomontagem de crítica ao capitalismo, militarismo e guerra fria feitos entre 49  e 76, onde foi apresentado no pavilhão espanhol da Bienal de Veneza. Renau era espanhol, militante de Esquerda, Director Geral de Belas Artes em 36 e nessa qualidade convidou Picasso a fazer o célebre Guernica. Fugido ao franquismo, viveu no México, onde fez entre outras coisas mais de 200 posters de cinema, e acabou a sua vida na RDA. Não o conhecia, e gostei muito do que vi.

La Palangana – colectivo de fotógrafos espanhol surgido em 59 na Real Sociedad Fotográfica Madrileña, percursores do que se pode chamar o “neorrealismo espanhol” e que constituíram a chamada Escola de Madrid. A exposição integra fotografia feita em vários locais de Espanha nos anos 50 e 60. Das três, era a exposição mais imediata e acessível.

À noite fomos a outro restaurante constante da lista de Maribona de “20 melhores barras”, o Docamar, que de facto é uma cervejaria com barra propriamente dita, completamente cheia de gente, e sala com dois andares , que foi onde ficámos.
O ex-libris do Docamar são as “patatas bravas”, supostamente as melhores de Madrid, e que eram de facto excelentes. Tudo o resto muito bom – gaspacho, anchovas, mexilhões, que me lembre. Uma visita que valeu a pena, até porque o preço é bastante razoável.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Aniversário no MUGARITZ

Quando no Mugaritz souberam que era o meu aniversário, a brigada de cozinha fez uma festa.
Fizeram um bolo de banana, colocaram as velas, e festejaram.
Depois, lembraram-se de mim, reuniram os restos do bolo num guardanapo e pediram para mo trazerem à mesa. (Ainda bem, porque o bolo estava belíssimo e as velas eram gulosas ...)


Foi com esta história (e com estes "restos") que o Mugaritz me desejou feliz aniversário.
Isto diz tudo sobre o que é ir ao Mugaritz - é uma experiência que nos surpreende a cada momento, mas que nos envolve e diverte, a par da degustação de pratos inovadores e desafiantes. Inesquecível!